Carta Precatória Cível: O Que É E Como Funciona?

Carta Precatória Cível: O Que É E Como Funciona?

Imagine um processo judicial em São Paulo, por exemplo, que precisa de uma testemunha de outro estado, como o Rio de Janeiro. O juiz paulista não pode ir pessoalmente colher esse depoimento, mas ainda precisa dessa informação para seguir com o caso. Neste cenário, a carta precatória cível entra em ação.

Ela é uma espécie de “mensagem oficial” que viabiliza a comunicação entre juízos de estados diferentes. Assim, a carta precatória cível facilita a cooperação entre tribunais, assegurando que a justiça seja feita, mesmo com as distâncias geográficas.

Quer entender mais sobre o papel da carta precatória cível e outras informações relacionadas? Continue conosco e entenda:

  • O que é carta precatória cível? 
  • Carta precatória x Carta rogatória
  • Quando é necessário expedir uma carta precatória cível?
  • O que acontece depois de uma carta precatória?

O que é carta precatória cível? 

A carta precatória cível é um instrumento jurídico que possibilita a comunicação entre juízes de diferentes regiões. O objetivo é garantir que todas as etapas de um processo sejam cumpridas, mesmo quando envolvem localidades distintas.

Para entender melhor, pense no processo judicial como uma jornada. Ao longo dela, pode surgir a necessidade de realizar determinadas ações em locais diferentes daqueles onde o processo se iniciou. 

Neste caso, a carta precatória cível é como um pedido formal que um juiz faz a outro juiz, solicitando que ele realize essas ações em seu lugar. Ela é regulamentada entre os artigos 260 e 268 do Novo Código de Processo Civil.

Carta precatória x Carta rogatória

A carta precatória e a carta rogatória são instrumentos de comunicação no meio jurídico, mas servem a diferentes necessidades e abrangem diferentes territórios. A principal diferença é a jurisdição:

Carta precatória

A comunicação ocorre entre juízes de diferentes unidades federativas do mesmo país. Por exemplo, um processo está tramitando em São Paulo, mas uma testemunha reside no Rio de Janeiro. O juiz paulista envia uma carta precatória ao juiz carioca para ele ouvir o depoimento da testemunha.

Carta rogatória

A comunicação ocorre entre juízes de países diferentes. Quer um exemplo para entender melhor? Pense em um processo que está tramitando no Brasil, mas uma prova importante está localizada nos Estados Unidos. O juiz brasileiro envia uma carta rogatória ao juiz norte-americano para ele obter essa prova.

Ou seja, ambas servem para solicitar a realização de atos processuais em um local diferente daquele onde o processo principal está tramitando. Porém, elas possuem características distintas.

Quando é necessário expedir uma carta precatória cível?

De forma geral, a carta precatória cível é utilizada quando:

Há necessidade de realizar um ato processual em localidade diversa

Se uma testemunha reside em outra cidade, por exemplo, o juiz responsável pelo processo pode expedir uma carta precatória. Desse modo, o juiz daquela cidade ouve o depoimento da testemunha.

O juiz não tem competência para realizar o ato

Em alguns casos, a lei determina que certos atos processuais devem ser realizados em locais específicos. Nessa situação, o juiz que conduz o processo não tem competência para realizar o ato e precisa solicitar a ajuda de outro juiz. Neste contexto, ele recorre à carta precatória.

É preciso cumprir uma decisão judicial em outra comarca

Se uma decisão judicial determina a penhora de um bem que se encontra em outra cidade, o juiz responsável pela execução da sentença deverá expedir uma carta precatória. Assim, o juiz daquela cidade realiza a penhora.

O que acontece depois de uma carta precatória?

Uma vez enviada a carta precatória, inicia-se um processo de cooperação entre os juízos envolvidos. O fluxo é o seguinte:

Recebimento da carta precatória

O juiz da região onde o ato deve ser praticado recebe a carta precatória, que contém todas as informações necessárias para a realização do ato. Entre elas:

  • identidade das partes;
  • natureza do processo;
  • ato a ser praticado.

Análise e cumprimento

O juiz deprecado — aquele que recebe a carta precatória — analisa o documento e verifica se estão presentes todos os requisitos legais. Caso esteja tudo em ordem, ele determina a realização do ato solicitado.

Realização do ato

O ato processual é realizado, seja uma: 

  • citação;
  • interrogatório;
  • audiência para proposta de suspensão condicional do processo;
  • transação penal ou inquirição de testemunhas.

Retorno ao juízo deprecante

Após a realização do ato, o juiz deprecado envia ao juiz que solicitou a carta precatória (juiz deprecante) um relatório detalhado sobre: 

  • o que foi feito;
  • provas colhidas;
  • qualquer outra informação relevante.

Pontos importantes a destacar:

Anexação de documentos

É comum anexar à carta precatória documentos como a denúncia, declarações, boletins de ocorrência, propostas do Ministério Público etc. Esses documentos servem como base para o juiz deprecado entender o contexto do processo e realizar o ato corretamente.

Intimação das partes

Em muitos casos, é necessário intimar as partes sobre a data e local da realização do ato. Isso garante que todos tenham conhecimento e possam participar do ato processual.

Múltiplas testemunhas

Se houver mais de uma testemunha na mesma comarca, é possível juntar todas elas em uma única carta precatória, otimizando o processo.

Comunicação entre os juízos

A comunicação entre os juízos é fundamental para garantir a eficiência do processo. O juiz deprecado deve manter o juiz deprecante informado sobre o andamento dos trabalhos.

Como você acompanhou, a carta precatória cível é um mecanismo essencial para a colaboração entre juízos de diferentes localidades. Afinal, além de otimizar o andamento dos processos, a carta precatória cível fortalece a cooperação no sistema judiciário.

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